Inebriada em chocolate

Não estou com disposição de folia. Têm sido dias pesados. Na última semana fiquei muito sensibilizada pelo drama Nacional. Não sei a razão exacta de tamanha empatia mas as emoções descontrolam-se, solto lágrimas, o estômago aperta e a pele arrepia-se por cada reportagem na TV. Desta vez decidi ser activa e ajudar efectivamente. Contactei as entidades locais e soube como poderia minimizar a minha impotência, perante quem sem nada ficou e muito está a sofrer.

No entanto aceito o conselho de não poder me deixar abater desta forma! Este é o senão de se viver intensamente, quando se sente, não há como disfarçar. Preciso espairecer de alguma forma!

Vi o anuncio de uma festa temática: Noite branca. Adoro o conceito. A simbologia da cor, a luz que proporciona às pessoas e ao espaço. É um excelente motivo para aliviar o meu estado de espírito.

Até ao último momento estava indecisa mas ... definitivamente preciso rir, conviver e dançar.

Chegamos, convivemos com os amigos habituais, bebemos um primeiro copo e o ambiente começa a aquecer. Levei uma roupa dupla composto por dois vestidos : um branco de algodão no interior e um de cores veraneantes mas completamente transparente. Durante a noite fui retirando peça a peça pois as temperaturas subiram bastante.

Gosto de me mover pelo espaço, reconheço assim caras pouco conhecidas e estabelecemos novas amizades. A festa está ao rubro, lotação quase esgotada, a música excelente e inclusive um stripper masculino delicia-nos com uma dança bem sensual no auge da noite. O álcool também se começa a notar. Os corpos libertam- se cada vez mais e o sexo é a consequência mais esperada. Eu...não bebo muito. Na realidade, é a música que me embriaga e me deixa em êxtase. O ritmo apodera-se do meu corpo e danço como se não houvesse mais nada de libertador. Assim foi que cativei duas novas amizades. Miss chocolate foi a paixão da noite.

Existe uma relação entre o chocolate e o humor já muito conhecida: ingerido em situações de tristeza, como forma de melhorar o humor, ou em situações de felicidade como forma de comemoração.

 

Tal como o sexo o chocolate é um potencial libertador de endorfinas: hormonas que beneficiam a sensação de bem estar, reduzem o stress, diminuem a dor e induzem satisfação; a serotonina com efeitos anti-depressivos e a feniletilamina, conhecida como a “anfetamina do chocolate”, induz alterações no nível da pressão arterial e glicose, promovendo a sensação de excitação e aumento do nível de alerta.

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Não lembrei do chocolate para amenizar a minha melancolia mas esta noite o chocolate deixou-me em êxtase, sem que nada fosse imaginado.

Não sei o nome da dona das curvas africanas, a dona da pele sedosa, do sorriso brilhante, da cor do chocolate doce. Ela acompanhou a minha energia. Apoderamo-nos da pista aos sons latinos. Dançamos em uníssono, até gatinharmos pelo chão como autênticas felinas. Fiquei em lingerie ao som da música com ela e para ela. Trocamos carícias. Trocamos beijos apaixonantes. Deliciei-me nos seios fartos. Descobri-lhe a humidade mais do que uma vez. Reconheci-lhe o odor de excitação.

Incitou-me a acompanha-la ao varão. Mais do que uma música serviu para um show a duas ou a três, quando os nossos companheiros se juntavam. Estar no meio do casal acariciada pelos dois endoideceu-me. Estava entregue a música, á luxúria e à menina chocolate. Na última dança de sons africanos um tipo de remix qualquer, daqueles sons que droga o cérebro, abusei: Descobri-lhe a anca, beijei-lhe as nádegas despidas e no final ouvi-a dizer-me : "És muito safada"! Assim...conforme me cativou.... conforme desapareceu. Efeito chocolate, é viciante e quero mais, muito mais! Quero derreter o chocolate em mim, a nova veleidade possuiu-me a mente!

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