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Intensos expectadores na natureza

Hoje a caminhada foi mais longa do habitual. Iniciei mais cedo, acordei com muita energia talvez pelos dias primaveris que finalmente chegaram. Entretanto, lembro: há muito que desejo conhecer a praia dos pescadores.

Consegui chegar mesmo na hora do arrasto artesanal do peixe. Observo todo o reboliço de longe e admiro todo o trabalho duro dos homens do mar. No entanto, após alguns momentos sinto o sol mais quente e preciso descansar um pouco. Embrenho-me um pouco na vegetação até encontrar o local ideal para sentar e relaxar com a brisa marítima a misturar-se com a frescura verde matinal.

Quando a azáfama acalma um pouco oiço um carro a parar perto. Consigo vislumbrar por entre os fetos do meu lado esquerdo, um jipe que estaciona embrenhado entre os eucaliptos. Saem duas mulheres de cada porta da frente. Ambas alegres mas de postura receosa. 

Observam em redor ao aproximarem-se. Uma trás um vestido floreado de cores tropicais, comprido, a outra trás um vestido mais curto, solto e de padrão mais sóbrio, azul marinho com pintas rosa ou vermelhas.

Estou um pouco distante para perceber o que dizem, uma à outra entre sorrisos. Descubro, com surpresa, o motivo de tanta timidez enquanto caminhavam: beijam-se. Iniciam um toque suave de lábios até se entregarem a um beijo intenso entre apaixonadas. Coro eu também e desvio o olhar para o mar de novo.

A pesca terminou. Restam dois ou três pescadores que arrumam a rede e utensílios. Entretanto, não consigo mais ter o mesmo interesse neste lado da paisagem. 

Irresistivelmente, viro-me novamente na direcção ao mato florido por tecidos esvoaçantes onde continuam as duas morenas em carícias. Receosas de serem encontradas, ainda olham em redor mas os movimentos tornam-se mais atrevidos.

A mulher de vestido longo parece ser a mais atrevida, mais exploradora com as mãos. Consegue me surpreender de novo quando abre os botões do vestido azul. Quase me espanto com o vislumbre da lingerie.  São tiras pretas que contornam as curvas da mulher de tez branca sarapintada de sardas. Os seios arredondados com mamilos claros ficam expostos, irresistíveis para a boca que os percorre. Sinto-me salivar de desejo, enquanto me delicio com cada movimento da mulher que quase a despe. O vestido fica aberto apenas até à cintura e dois botões em baixo que permitem ver a coxa onde termina a lingerie: uma espécie de liga preta.

A menina tímida está encostada a um grande eucalipto, quase inerte deixando-se dominar pela atrevida que a beija e a toca eroticamente. O vestido longo também é desapertado, permitindo ver uma lingerie mais discreta. Umas meias de liga, cor de pele abraçam as coxas grossas e um soutien rendado branco cobre os seios mais pequenos mas de mamilos mais escuros e bem enrijecidos sob o tecido. A mão da menina tímida é conduzida até ao ventre da outra. Ambas estão com expressões de prazer e contagiam-me com tesão.

Não quero que me descubram e sinto sempre algum receio quando se viram na minha direcção. No entanto, os olhares em procura de algo em redor focam-se muito no carro que foi deixado com uma porta aberta, a mesma que de alguma forma me cobre. A determinada altura a dominante aproxima-se do carro e dizendo algo, puxa alguém de dentro da viatura. Tremo no interior e agacho-me um pouco mais. Percebo melhor os olhares. Elas exibiram-se para ele. Um homem moreno, de cabelo escuro com algumas madeixas grisalhas, camisa clara com padrão pequeno e calça de ganga justa aproxima-se pela mão.

Nunca imaginaria tamanha aventura em plena manhã fresca de Primavera. Depois da caminhada desejada, sinto-me invadir de sensações e emoções até agora desconhecidas. Deveria tentar sair agora pois adivinho o que irá acontecer mas se o fizer, irei me denunciar. Fico e continuo pleno expectador da privacidade daquelas pessoas ricas em tanta volúpia.

Não consigo perceber se a mulher de vestido longo é mais velha mas a postura dominante dá-lhe uma sensualidade tremenda. Ela desapertou as calças do homem e descobriu toda a tesão que elas lhe provocaram. Fez com que a menina do vestido azul ajoelhasse e amarrou-lhe gentilmente o cabelo. Beijou-a para logo de seguida lhe preencher a boca com o falo latejante que estava á frente delas. De seguida ela afasta-se. Senta-se num tronco, perto deles de pernas afastadas, onde se vê a nudez interior. Há uma cumplicidade especial entre eles e imagino que ela seja a mulher do senhor inebriado em prazer que a olha nos olhos.


Agora existem dois observadores: eu e ela. Ela está sorridente e de vez em quando frustro por não conseguir ouvir o que diz. Não sei se os provoca, se os ordena mas eles sorriem-lhe e alternam posições. A mulher de tez delicada fica de quatro. Ele descobre-lhe o quadril subindo o vestido. Percorro com o olhar cada curva perfeita, embelezada pela lingerie de ligas pretas. Parecendo que ele adivinha o meu olhar, passeia a tesão molhada antes pela boca dela até ao encontro com a fenda. Imagino-a húmida ao sentir cada toque quente até os dois encaixarem. Contraio os músculos no ventre.

Iniciam um bailado de prazer. A mulher de perna aberta toca-se e eu não resistindo, imito-a. Ele puxa-a ora pelas tiras, ora pelo vestido para encaixar mais fundo e lento. Debruça-se sobre ela segurando-lhe nos seios fartos e olha a voyeur quente do lado deles. Não sei se imagino ou se são reais os sons dos gemidos a cada estocada. Todo o cenário é irreal. Parece que sonho alto e quente, estou muito quente!
De repente, ele move a menina de vestido azul para mais perto da outra. Sem sair de dentro dela, coloca-a de bruços sobre os joelhos da outra. Com as mãos da mulher expectadora afasta as nádegas cor de neve e sai de dentro dela para logo de seguida entrar muito lentamente num local mais apertado. Depois de bem aconchegado, abre mais as pernas da mulher voyeur, toca-lhe e penetra-a com os dedos com vigor. As duas atingem um clímax que ecoa pelo bosque. Sai de dentro da mulher de tez sardenta e puxando as mãos da outra, faz com que lhe toque até banhar os seios fartos, adornados na lingerie preta. Solto um impropério em murmúrio quando também eu atinjo um orgasmo inesperado.

Tenho de fugir daqui, penso. Ainda em êxtase corro para o mar. Acho que me ouviram porque logo de seguida ouço o bater das portas da viatura, atrás de mim. Sento-me de frente ás ondas a reviver todas aquelas duas ultimas inesperadas horas. Não previa uma caminhada assim... tão intensa!


Imagens cedidas por x-art.com

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