Avançar para o conteúdo principal

O nosso exórdio swinguer

Pouco mais de um ano depois de nos assumirmos swingers, foi publicada uma reportagem sobre o swing em Portugal: http://www.noticiasmagazine.pt/2015/swing-nos-eles/. A primeira comoção foi um completo dissabor. Uma das características atraentes sobre o meio é o secretismo e, apesar de ser inevitável negar que parte desse glamour é perdido em detrimento do mundo virtual, ver uma reportagem de um conceituado jornal mencionar os clubes existentes e promover o modo de vida pareceu-me desnecessário. Mas, esta foi só a opinião inicial.

Esmiuçado todo o texto, espoletou a reminiscência. Em mais uma conversa cúmplice a dois, concluímos que quase tudo está escrito conforme vivenciamos e idealizamos. Na realidade até assumimos, entramos no meio pelo mundo virtual.
Tinha muita vontade em afirmar a minha bissexualidade. Fantasiava muito em ver o meu amante de vida com outra e que ele me visse a mim. No mundo cibernético é muito mais fácil esconder a timidez e partilhar estes desejos com outros. Numa destas noites de tertúlias virtuais, foi mencionado um site que cativou a minha curiosidade, dedicado ao tema: sexo. Cada vez mais decidida, entrei na comunidade e depressa o conceito swing pairava na minha mente. A comunicação é um ponto muito forte cá em casa e no mesmo dia falei ao meu mais que tudo sobre as novidades. Obtido o aval para alastrar o conhecimento pelas mesmas demonstrações de fascínio.

Investigações feitas, decidimos ser apenas um pouco divergentes do meio hedonista e aumentamos o desafio. Optamos pela troca total mas na condição de fazer jus à história do conceito: exigimos amizade. Tal como aqui já apresentei. No momento dessa decisão imaginamos apenas que reduzíssemos a pretensão de contacto connosco. Hoje sabemos ser esta exigência um foco de frustração. Alimentar amizades é difícil e gerir emoções mais ainda mas ainda não alteramos este ideal.

Foi por este mesmo que ganhamos a atenção de um casal: Alberto e Sofia. Os mesmos empatizaram connosco pelos ideais bem definidos no perfil. Empolgamo-nos os quatro nas primeiras conversas escritas, depois em voz e imagem. A principal atracção foi a simpatia e vivacidade. Eu e Alberto éramos os donos das teclas e tínhamos longas tertúlias que nos auxiliaram a conhecer mais o meio e a partilhar fantasias. Eles tinham alguma experiência de vida a mais e eu, a benjamin, sugava a sapiência ainda com muita ingenuidade.

Um serão bem passado numa noite de Verão à beira rio, debatemos alguns temas até então escritos. De repente fomos convencidos a conhecermos um clube. Essa era outra questão que veio a ser moldada com o tempo. A imagem nas nossas mentes sobre estes espaços era o conceito no filme “de olhos bem fechados”. Imaginávamos trocas de corpos sem a verdadeira atractividade de um ser – a sua personalidade. Troca por troca, uma noite apenas, definitivamente não era por nós pretendido. No entanto Sofia, a mulher de sorriso no olhar e serenidade aparente, incentivou-me a olhar estes espaços com outros olhos. Falou-me em mais do que um conceito existente e disponibilizaram-se a apadrinharem-nos em tom de brincadeira.

Escolhemos bem qual o evento: uma despedida ao Verão. Escolhi um vestido preto rendado e uns saltos subtis que me ofereceram alguma altivez na postura e ao mesmo tempo conforto. Assim encobri a insegurança da experiência nova.

Entramos no club, onde Alberto e Sofia já eram clientes habituais. Ambiente intimista, acolhedor, uma boa recepção para nos apresentarem a casa e os protocolos. Estes mesmos protocolos que me haveriam criado alguns entraves na aceitação da ideia e que em determinada altura da noite acabei por os esquecer.

Senti-me liberta com a música, como sempre, e ao ritmo da mesma fui me adaptando ao espaço e às pessoas, soltando o sex appeal e o politicamente correcto. A noite estava alegre e sem que nada o fizesse prever ( a não ser as danças envolventes e as conversas cibernéticas) aconteceu um primeiro beijo feminino ao som da música de Cher - The shoop, shoop song! - Quase inevitavelmente olhei os homens que nos observavam um pouco distantes. Alberto agora estaria muito mais misterioso mas consegui lhe ver o sorriso de cumplicidade. Sara também estava mais efusiva mas eu, estava em êxtase.

Apesar de estar em todo o meu auge de energia era necessário intervalar a dança para bebericar, refrescar e socializar. Se bem que, depois daquele beijo, pouco mais houvesse que me distraísse a atenção. A casa estava cheia e não fossem os quartos estarem lotados a festa seguiria quase no imediato para um espaço especifico que nos espicaçou a libido pelo tema.

As horas já eram bem altas e a sedução mantida no lounge, entre olhares discretos mas escaldantes, alimentou a concupiscência. Assim que entramos naquele quarto e fechamos a porta, éramos só os quatro entregues à luxuria. Sempre juntos essa foi a condição inicial, esse foi o primeiro beijo incentivado por Sofia que trocou a serenidade pela determinação com a mesma ânsia com que removemos as roupas. As mulheres envolveram-se em caricias frente a frente trocando com os homens do nosso lado.
X-art.com
Tão depressa estávamos no palco de napa preta, como na carpete ajoelhadas em volta do falo latente de Alberto. Os primeiros gemidos foram do Senhor enigmático. Os mesmos sons que me excitaram ainda mais, enquanto era tocada e tomada pelo meu mais que tudo. Sentia a tesão dele ao rubro lentamente a provocar-me mais e mais. Novamente em alternância, Sofia provava o meu amante e Alberto sussurrava-me para os ver. Ambos sabíamos que gostaríamos de apreciar esta imagem em conjunto.
X-art.com
Com a maior destreza, de quem já tinha apreciado diversas vezes imagens para adultos e estudado ao pormenor o que mais entusiasmava, coloquei-me debaixo de Sofia enquanto era preenchida pelo marido. Saborei-a a cada estocada e soube momentos depois qual era a melhor das sensações enquanto Alberto me retribuiu o mesmo gesto. A troca aconteceu! Alberto possuia-me por trás em pé,de frente para a imagem de Sofia e o meu mais que tudo num só. Sentiram-se clímax de mãos dadas. A noite foi muito curta para tanta veemência. Eu e o meu companheiro de vida continuamos suados e unidos no palco de luxuria até que os corpos desmaiassem.

Dois dias se passaram e ainda se trocavam mensagens escaldantes entre os quatro. Alberto a determinada altura desafia-me a adivinhar uma imagem que lhe ocorreu. Desisto celeremente do desafio pois anseio saber:"a tua cara transpirada, os teus cabelos molhados e tu a segurar as minhas mãos. Estavas soberba." Neste momento percebemos a real essência de "O valor da coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que elas acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”. (Fernando Pessoa).

Comentários

  1. há muito mais no swing que apenas o sexo...alias se fosse pelo sexo apenas dificilmente sairíamos de casa. A frase de Fernando Pessoa resume tão bem tanto do que vivemos aqui.. ;)

    Beijinhos e abraço

    http://nossa-vida-secreta.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É definitivamente um excelente resumo e ainda o sr poeta não imaginaria que se referia a esta liberdade.
      Entretanto lamento ler revistas de literatura rosa, nas páginas de concelhos sexuais/ matrimoniais promover "Faça swing"! Swing não é só sexo mesmo e para se usufruir em toda a plenitude é preciso abranger muito mais que isso!
      Bjinhos ;)

      Eliminar
  2. Excelente descrição... gostei muito de te ler.

    ResponderEliminar
  3. Wow! Parabéns ñ só pela descrição/narração,como tb pela experiência vivida!
    Abreijos ninos.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

A chave é simplicidade...

Mais uma noite nos reencontramos. Um evento inicialmente calmo mas inesperadamente os ânimos se entusiasmaram. Mesmo assim, no meio do frenesim da pista, em horas altas, o sorriso de Nanda faz-me divagar. Relembro as memórias dos bons momentos em comum e toda a sedução improvável. Faz pouco mais de um ano que fomos apresentados. Neste mesmo espaço, actualmente o nosso clube de eleição. Era noite de aniversário, casa cheia. Comemoração excelente para conviver, divertir, conhecer pessoas. Acabamos por usufruir toda a noite em conjunto sem que nada tivesse  sido planeado. Não nos largamos com desejo de usufruir de tanta empatia. Sabia que os iríamos encontrar mas as expectativas eram muito diminutas, talvez não passássemos além de um "Olá". A imagem que Francisco me transmitiu em tempos, numa mera conversa online, fazia-me crer ser uma pessoa extremamente arrogante e presunçosa. Características, agora, completamente incompatíveis com o casal doce e desejado que se tornou. D

Em folia no baloiço

«Carnaval» uma comemoração temática, tal como muitas outras, esvanece-se o motivo de tal celebração. O nascimento da palavra surge de carnisvalerium (carnis de carne + valerium, de adeus), indica o «adeus à carne» ou à «suspensão do seu consumo» Época de excessos para posterior jejum. Vestirmos personagens, esquecer o politicamente correto e dedicarmo-nos à folia. Em mais uma pesquisa cibernética encontrei outro foco de diversão: o baloiço erótico. Lubricidade aliada à puerilidade de quem sempre apreciou baloiçar de cabelo ao vento, em idade mais tenra.  Ambos empolgados com a nova fantasia, durante alguns dias foi o tema, intercalado na seriedade da rotina diária, que nos fazia sorrir. Ansiávamos cada vez mais pelo momento de brincadeira a dois. Não gostamos de premeditar estes momentos mas fantasiar deveria ser obrigatório a qualquer casal. São estes detalhes que nos unem e alimentam a cumplicidade. Entramos no quarto, colorido, alegre, definitivamente carnavalesco. Avali

Intensos expectadores na natureza

Hoje a caminhada foi mais longa do habitual. Iniciei mais cedo, acordei com muita energia talvez pelos dias primaveris que finalmente chegaram. Entretanto, lembro: há muito que desejo conhecer a praia dos pescadores. Consegui chegar mesmo na hora do arrasto artesanal do peixe. Observo todo o reboliço de longe e admiro todo o trabalho duro dos homens do mar. No entanto, após alguns momentos sinto o sol mais quente e preciso descansar um pouco. Embrenho-me um pouco na vegetação até encontrar o local ideal para sentar e relaxar com a brisa marítima a misturar-se com a frescura verde matinal. Quando a azáfama acalma um pouco oiço um carro a parar perto. Consigo vislumbrar por entre os fetos do meu lado esquerdo, um jipe que estaciona embrenhado entre os eucaliptos. Saem duas mulheres de cada porta da frente. Ambas alegres mas de postura receosa.  Observam em redor ao aproximarem-se. Uma trás um vestido floreado de cores tropicais, comprido, a outra trás um vestido mais curto, so