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Nostalgia Veranil

Talvez tenha sido o Verão de S. Martinho ou talvez seja a aproximação do balanço final de 2016 (quase reconhecido como o ano mais quente de sempre). Com o frio a querer-se instalar de vez, o sol quente repentino trouxe as memórias de um Verão próximo. Foi intenso, abundante em emoções, natural, pueril e...sem duvida, memorável!

Assim como a musica, damos mais valor a algo quando não o temos, quando não podemos ter. Relembra o provérbio: "o fruto proibido é o mais apetecido". Tal como a sede que é mais severa quando não temos água ao nosso alcance.  Foi deste modo, que recentemente, ouvi alguém definir a felicidade: um estado de sede. Assim que se saceiam as vontades, ficamos em contentamento até que a sede surja de novo. A questão eterna do ser humano: um ser em eterno descontentamento.

Foram muitos os acontecimentos, as vivências, mas uma novidade me faz reconhecer a evolução enquanto ser: Sou naturista, somos naturistas!

O conceito despertou o meu interesse em meados da Primavera, semelhante a outras alturas em que o mesmo já haveria passeado pela mente. Desta vez, com alguma agrura me apercebo que este modo de vida, esta definição liberta,  cada vez mais se confunde com a conotação sexual.  Sorrio e regozijo por ter confirmado que o que idealizava por esta experiência foi o que aconteceu e que apesar de me considerar alguém com a libido mais desperta do habitual, a essência nada tem haver com sexo!

Corpos desnudados num espaço natural. Sem amarras de preconceitos e pudor. Uma comunidade de humanos todos iguais, determinados por se aceitarem quem são e como são e, em simultâneo, frágeis pela pele exposta. O nosso ser mais primitivo entregue à natureza.

Muitas dúvidas surgiram antes de determinarmos que iríamos vivenciar este momento. A escolha do local, o conhecimento das regras, a convivência com mais pequenos, o olhar de terceiros foram apenas alguns tópicos que inicialmente apenas serviam como pretexto para evitar a cedência ao meu capricho.
Pseudo evasivas, foi no que se tornaram todas as dificuldades ponderadas antes. Sentimo-nos como peixes dentro de água. O local talvez tenha feito a diferença, num meio onde Portugal ainda é mais natural. O tempo também, usufruímos de sol em pleno, mas as pessoas...essas sem dúvida. Um casal do centro que nos acompanhou todo um dia de puerilidade em castelos de areia, mergulhos em piscinas rochosas, passeios longos sem que a imagem de quem somos significasse escolha para partilhar sorrisos. Outro casal ainda, de origem castelhana, e outros com menos tempo em comum mas com a mesma alegria, o mesmo encanto, a mesma naturalidade!

Comentários

  1. Adorámos este blog... e ainda só demos uma espreitadela ... vamos já colocar na nossa lista de blogs.. pois merece ser apreciado por mais gente...

    Visite-nos também em
    www.onossoamorperfeito.blogspot.pt

    beijos

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