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Sex Phone

Não me imagino num relacionamento à distância. Preciso de intensidade, de sentir, de cheirar e saborear. Tomar o que é meu! Mas há circunstâncias que devo tolerar e pacientemente esperar pelo momento de paliar o desejo. Sei de opiniões (fundamentalistas a meu ver) sobre "uma relação não se baseiar em sexo" mas também conheço quem não saboreie uma refeição e apenas se alimente por dever.

Tendo a libido bem desperta desde cedo, há alturas em que as hormonas "falam" mais do que o raciocínio. Numa destas alturas de distanciamento, a criatividade resolveu a cupidez momentânea: sex phone - mas elevamos um pouco mais. Decidimos ambos escrever as nossas sensações e pensamentos. O resultado incendiou mais do que o expectável!
Durante dias brincamos. Juntamos os textos e aqui está o registo:

"Ele não sabe o quanto a sua voz me deixa. Assim, inebriada, sedenta. Silencio-me para simplesmente ouvir como se me deixasse hipnotizar por todas as sensações que cada tom me causa. O meu nome na boca dele é um autêntico afrodisíaco. Silencio-me e apenas ouço de olhos fechados."

- Sim, paixão? Que estas a pensar? - perguntei-lhe

Não sei o que argumentar. Sinto-me tão frágil, tão entregue. Não consigo responder de forma coerente.

Fiquei sem saber, aliás, eu já sabia a resposta antes da pergunta. Queria confirmar que aquele silêncio de quase nada, queria dizer quase muito, quase tudo... Devolvi-lhe os milésimos de segundo calado e apenas deixei que ela seguisse o diálogo da sua vontade, da nossa...

- Aproxima o telemóvel mais da boca - pedi-lhe. Queria absorver cada ensaio de suspiro, cada respiro, cada "quero-te" sob a forma de contracção da traqueia.

Eu sei o que ele pretende com este pedido. Somos espelhos muitas vezes e esta sensação em sintonia alimenta o âmago. Paixão é vicio, é um desejo desmesurado demais. Quero ouvi-lo respirar, inspirar, suspirar de forma egoísta. Quero nutrir este desejo com cada som como se dentro de mim estivesse. Unidos de tal forma, como se nada mais existisse. Aliás, nestes momentos é assim que estamos. Somos só nós. Sinto-me inundar e contrair o ventre.

Aumenta a pressão sanguínea em mim ao sabor do aumento da frequência da respiração dela.

Ela sabe quão importante é eu ter aquela percepção de se provocar aquele arrepio que a ponta dos seus dedos lhe provoca no abdómen à medida que, sem travões e em linhas desorientadas pelo querer a mão desce paulatinamente.

Como desceu a minha parecendo obedecer a um qualquer movimento sincronizado telepaticamente.

Parei de respirar à procura do sinal vestido de suspiro ... e o meu dedo, o polegar tocou no topo da glande: -" Foda-se, como ela me deixa"!

Em tão poucos segundos e tantas sensações vividas. Suspense, silêncio que me deixa ansiosa e de repente ouço-o, invadindo-me de euforia. Suspira, o que me parece mais um gemido de desespero mas depressa contido. Sorrio e queria pedir mais. Estou hipnotizada, prestes a deixar-me ceder a todo o desejo que este homem me dá! - "Foda-se como ele me deixa!"

Encriptei esta informação num suspiro, senti o dedo peganhento e perguntei-lhe : Como estás ?
-"Enroladinha na manta, aconchegada" - Respondeu-me com aquela voz doce, melada e de tesão.

Bem sei que a mantinha servia para a deixar confortável. Quase a via com as pernas flectidas, os joelhos ligeiramente afastados um do outro e a mão, a que não estava a segurar o telemóvel, a quentinha... passeava pelo seu centro de atenções. Acariciou uma virilha... e a outra....

Entre elas, brotava um calor tentador. Deixou como que por casualidade um seu dedo aferisse a temperatura e...ali ficou! Ficou ali, sem que fosse essa a intenção... A minha vontade quase viu dois dedos dela, o indicador e o grande afastarem os lábios , um do outro deixando assim disponível aquele clitóris, sedento, ávido de um toque. Pensamos o mesmo, ela tem a vantagem de o ter ali só para si e decide prolongar o egoísmo.

Não fui sincera na resposta à pergunta que ouvi. Decidi ser pragmática pela maldita timidez que ainda me moí. Decidi dar-lhe a imagem de como eu estava, aninhada numa manta que desejava que fosse ele. Imagino todo o seu calor a envolver-me. Tenho uma perna flectida e a outra a deitada. Estou quente, muito quente e húmida. Sinto o meu odor. As feromonas seriam eficazes se aqui estivesse. Não resisto tocar-me. Como que para aliviar o ardume que me consome o ventre. Queria as mãos dele, a boca, o cheiro. Por cada som que ouço no telemóvel aumenta a fome em mim. Dou por mim imaginá-lo: Como ele estará? Como será a sua pele na minha? Como será o seu toque? Intensidade é o que me surge! O toque no meu centro de prazer, por cada pensamento. Imagino o seu tesão, hirto, pulsante, húmido e não aguento! Suspiro sem controle!

Sinto mais intenso o suspiro, o que faz com que eu o tome todo na minha mão. Fazendo crer que era a sua, a mão dela no meu caralho duro. Ensaio um movimento...e outro... Lentamente, usufruindo, navegando. Quero....quis que a minha mão se transformasse na boca dela, quis ali os seus bonitos olhos a verem o prazer que me estava a proporcionar. Ora chupando só e apenas a cabecinha, ora enfiando-o todo na sua quente e húmida boca para depois o tirando lentamente e assim repetindo uma e outra vez.
- "Que estas a fazer, paixão"? perguntei-lhe de novo.

Aceito o calor que me cobria a face e começo a despir o politicamente correto. Assumi que me tocava. Queria continuar o arrojo e afirmar que dois dedos meus me invadiram lentamente como que se fosse o caralho dele a entrar em mim. Não fui capaz. Até porque depressa desisti. Imaginei o quanto ele me iria preencher, mais que os meus dedos. Desejo muito que ele me possua!Toco-me de novo, lentamente. Sentindo um beijo intenso com ele dentro de mim.

Não me lembro o que respondeu mas lembro o que queria ouvir. Queria que me descrevesse o que só ela via, sentia! O que eu apenas imaginava. quis tanto ouvir " Estou a a enfiar um dedo, dois dedos na minha cona quente e molhada, onde quero que enfies a língua e me fodas com ela."

Aqui, neste momento, apeteceu-me vir-me, mas senti-a mais atrasada e queria vir-me com ela. Parei, parei os meus movimentos, as minhas caricias.

É tão irreal e tão confuso. Não estamos juntos mas parece que o sinto, que o respiro. Não aguento muito mais e quero muito mais. Ele provoca-me. Sabe como me desorientar mais ainda. Confessa o que gostaria de saber de mim. Quase o mesmo que eu queria dele. Não conseguimos a conversa explicita, no entanto, as imagens mentais são eroticamente cristalinas. Desejo saboreá-lo e desnorteá-lo, tanto como ele me deixa com esta voz melada e quente a sussurrar-me. Fodê-lo com a boca como ele está a foder-me mentalmente. Gemo! Não aguento muito mais.

Estava a gostar tanto de a ouvir gemer. Pareceu tanto, mas tanto que a tinha a 2cm do meu ouvido. Ansiava pelo sinal dela, para me vir também. As pulsações estão aceleradas, as minhas e as dela. Sinto que estamos próximos, sei que nos vamos dar, sei que a tenho em mim e ela me tem nela. Esqueço que posso estar atrasado, esqueço o politico, o correcto, e se ela me pedir "Fode-me" Venho-me porque me venho para ela. Como ela se está a vir para mim, comigo e sinto o ritmo desacelerar.

Gememos juntos, suspiramos e respiramos a entrega cúmplice.Acaba o desespero, sossega-se a fome. Inacreditável o quanto gritei um "fode-me"! Sinto-me desmaiada no peito dele, a ouvi-lo recuperar, mas... de volta á existência, perco-o.

O descer do alto que subimos e a consciência da realidade invade-me uma despedida à pressa. Uma SMS com um beijo e um sorriso cúmplice.

No banho, a água escorre e penso "Quero-te" em breve e outra vez ...

Imagens cedidas por x-art.com

Comentários

  1. Adorei o texto. Intenso e profundo
    .
    Deixo uma caricia

    ResponderEliminar
  2. Fixei o olhar nas imagens. Simplesmente fascinantes. Também gostei do tema
    .
    Feliz Fim de semana.

    ResponderEliminar
  3. HUMMMMM...este deu blog é algo...magnifico ;)
    Adoro abocanhar de forma voraz todas estas tuas HUMMM letrinhas e ...delas extrair o delicioso nectar....que delas brota... :))))
    Beijos VORAZES

    ResponderEliminar

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