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Yin-yang aluado

Entre muitos outros acontecimentos (alguns até muito agrestes), em 2017 a luta pela igualdade entre géneros incendiou internacionalmente. Desde a instauração do tumulto sobre o assédio nas redes e comunicação sociais (infelizmente o tema é divulgado de forma muito supérflua, pois abrange muito além do mundo cor de rosa) à recente lei vanguardista da Islândia que proíbe a desigualdade salarial. 

A Internet fomentou a cultura da informação: Conhecer além da nossa realidade. Globalizar as noticias e não só. Unir forças em prol de uma causa. No entanto, é nestas alturas em que chocam os guetos: no Nepal, apenas em 2017 se implementou uma lei para criminalizar o chhaupadi (uma antiga prática hindu que consiste em manter em isolamento ou discriminar uma mulher no pós-parto ou menstruada).

Comunidades onde nem a sabedoria ancestral prevalece, nem a cultura actual invade e esmorece os tabus instaurados. Já na Babilónica, idolatrava-se Isthar, a deusa da Lua, da terra, do amor, relacionada com as nascentes e orvalho, sendo, este último, símbolo de fertilidade. Protectora das prostitutas, do parto e do amor sexual. Actualmente há regiões do mundo onde menstruar até é tabu!

Como não sentir gratidão, pela época, sociedade e momentos vividos? Subitamente recordo uma excelente forma de celebrar a feminilidade, em dualidade com a sapiência erudita aliada à actualidade.
O nascimento de Vénus de Alexandre Cabanel
Foi a uma  sexta-feira, em que aos olhos dos hindus ela estaria impura. Ao invés do sentimento de reclusão foi invadida pela vontade de folia. Exaltar a Freia, Inanna, Nanaja, Isis Xochiquetzol ou até mesmo Afrodite (deusas mitológicas do amor, fertilidade, da lua, lascívia, sexo....) contida durante o quotidiano sério. Lembrou o sítio ideal para um serão, ladeada em luxúria,  no fim de uma semana exaustiva.

Não era data de nenhuma celebração mas o fim de semana era prolongado, sugerindo escapadinhas para os assíduos clientes. Assim, a casa estava mais vazia do que o habitual. O ambiente ideal para uma conversa mais intimista com os amigos reencontrados.

A ausência de temática não suprimiu o traje atraente e fresco. Coincidentemente a determinada altura comentam o detalhe: as duas  estavam em ambígua sintonia; vestidos de tecido muito fino, curtos e ajustados às curvas: Autêntico yin-yang, uma de preto e outra de branco. O ambiente, como sempre,  animou. As músicas  quentes, uma bebida para libertar os ânimos alegres e depressa se soltam os movimentos lânguidos e felinos. Sempre que reencontra a doce e voluptuosa  amiga, a libido incendeia-se. Enroscadas, envolvidas sensualmente e desinibidas no centro da pista ela sussurra: "Não posso mais do que isto e estás a endoidecer-me! Estou naqueles dias."
x-art.com
A doce morena não se manifestou perante a informação. Na realidade,  também ela estava  de desejo inflamado e assim queria manter o jogo. Ambas provocam os companheiros que as observam do balcão, de copo na mão, eles e outros casais mais tímidos, mais sossegados nos cantos do salão.

Esses olhares, inicialmente fugazes, tornaram-se fixos, causando repreensão nelas mesmas. Sentiram-se constrangidas e interrompem a animosidade. Juntos a partilhar mais uma bebida, sugeriram, entre meias palavras e olhares insinuantes, uma visita a espaços mais reservados.

Decidem um passeio pelo dédalo afrodisíaco pela sua luz, ornamentos e sons. Os quatro bem unidos deixam-se inebriar pela lubricidade do momento, pelos perfumes das meninas entusiastas, pelas mãos masculinas, agora atrevidas e exploradoras. Ela estaria cada vez mais receosa das consequências do momento, pelo estado de impureza, mas esta excitação imprevista dominava-a. O raciocínio era cada vez mais liderado pelo desejo, principalmente entre ambas. Apesar de terem fugido ás luzes da ribalta da pista, não conseguiram evitar a atenção de quem passou no corredor. Envolvidas em beijos ardentes, surpreendentemente, a determinada altura, yang de cócoras beija e saboreia das coxas ao ventre de yin na soleira de uma das portas. Quem as observa arde de tesão e em ânsia ouve-se: "Temos de procurar um quarto meninas!"
Imagens de x-art.com
Nada haveria sido sonhado, conversado sequer por nenhum deles sobre o que aconteceu naquele quarto. Nem ela, desejosa de libertar a ninfa em si idealizaria tamanho momento. Possivelmente apenas o estágio de amizade e confiança assim possibilitou este ensejo.  Em deslumbramento e cumplicidade a fantasia aconteceu: Liderados por Isthar, a doce morena foi o manjar dos três. Despidas dos vestidos lentamente deliciaram-se as duas de lábios bem juntos na tesão dos amantes. Beijaram e foram beijadas e acariciadas sem que limites fossem transpostos.

Ficou bem de perto, visão, olfacto e sabor, da copula entre os três amantes. Ouvia os gemidos da amiga, de vez em quando de boca cheia, enquanto a saboreava a cada estocada a milímetros da sua boca. As mãos exploravam a pele dos próximos, ora a anca da mulher em êxtase, ora o falo dos homens  plenos em tesão! Ela não pôde ser possuída mas tal condição não foi um castigo. Bem pelo contrário, o ex-libris da noite foram os três clímax sobre ela. O primeiro em reclusão pelas coxas de yang, impura debaixo de um clímax seguido de outro. Para ultimar foi banhada nos seios pelo terceiro.  Acariciada e beijada por todos com a promessa de uma vindicta em breve.
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